quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Ampulheta do tempo



A realidade está muito além do que os nossos sentidos percebem.
Há lugares, para além do sonho, onde nossos olhos são cegos
E a nossa percepção existe para além do toque dos dedos.
Há espaços cósmicos, onde os corpos deixam de ser
Para serem juntos. Onde a mente pára de pensar
Para ser una. Onde tua mão encontra a minha
E o tênue elo que se forma disto faz sentido.
Há lugares escondidos, lugares infinitos
Nos quais vale a pena sentir e ser-se
E não há incongruência alguma
Nesta realidade de te amar.
Há lugares, sem limites
Onde teu ser à parte
O meu ser à parte
Afinal se unem
Formando
Unidade.
Tu, eu
Só.
Tu
Parte
De mim
Em degraus
Desconhecidos.
Eu, obviamente de ti
Por livre escolha, parte
No que te tange, inconsciente.
Em que idas eras, desconhecidas
Fomos um, antes de uma queda súbita
Que se nos rompeu e fez do uno, dualidade?
Em que vidas que se foram, perdidas no tempo
A matéria que nos formou era apenas uma, e o todo
Teve força e poder e sabedoria, a ponto de transbordar
E se transpor a outras eras! Persegue-nos na noite escura
A noite do ser-se dois, a loucura do ser-se à parte e desamado
Que se transborda em palavras, que se nos jorram do pensamento
E se lançam, qual pontes e gritos de socorro, dizendo eu sinto, eu sou
Entrelaçando-se no infinito, e fazendo-nos um, dentre esferas celestiais...

Dalva Agne Lynch

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